USP Conta Minada

Opinião do USP Conta Minada

16/06/2014

Professores, estudantes e funcionários que estão envolvidos na greve da USP deveriam parar um pouco pra pensar a respeito do próximo passo. O “trancaço” que ocorreu na quarta-feira, 11/6, é um método por demais conhecido e batido, já utilizado em outras greves.

Parece piada. É sabido, público e notório que o zero por cento foi a última resposta do CRUESP e que o “trancaço” serviu de justificativa cheia de má-fé para o cancelamento da reunião marcado para a sexta-feira, 13/6.

Jean-Paul Sartre discorda de nossa definição de má-fé. Só para o Prédio do Meio que isto inviabilizaria alguma paralisação.

O pior de tudo é que as reitorias das três universidades ganham tempo.

Estamos em meados do mês de junho e o semestre está por terminar. Este seria o momento de esvaziamento da universidade, o que seria ótimo para eles, pois não contariam com os estudantes em peso. Além disso, a própria EACH, dividida por causa da contaminação da unidade, tem as suas reuniões e assembleias em locais diferentes, e os problemas de cada aluno para que se mantenham nas aulas é, no mínimo, deprimente. Fora isso, os alunos têm sofrido com ameaças de professores que, evidentemente, não entraram em greve, e parecem ser mais realistas que o rei(tor).

Aos alunos da EACH, opinamos que não tenham medo de denunciar estes professores que prestam um desserviço à educação. Além disso, devem pensar se vale a pena terem aulas precárias, com o ensino comprometido – e, portanto, a própria formação profissional, humanística e de pesquisa – por causa de uma universidade que está de costas para as necessidades dos estudantes. Para os mandatários, é melhor que os alunos desistam pelo cansaço: eles contam com isso. É sintomático que a reitoria, mesmo sabendo que alunos da EACH estejam na Faculdade de Saúde Pública, não liberou-os para que pudessem utilizar o restaurante local. É um assédio a conta-gotas.

Ao contrário do que possa parecer, não nos indignamos com isso. Nós temos ciência de que estas pessoas nos odeiam, que querem nosso mal. Não poderíamos esperar outra coisa. Muito pelo contrário. Queremos que continuem fingindo. Queremos que continuem mentindo. Queremos que continuem com suas declarações públicas bem postas e bem pensadas. Sabemos que uma auditoria externa para as contas da USP é um pro forma, de valor puramente publicitário.

Pensando bem, até que foi ótimo que cancelassem a reunião do CRUESP. Iriam mentir mais uma vez.

Se a justificativa para o cancelamento foi de má-fé, o que esperar de quem mentiria mais uma vez?