//
Réplica à carta de Zago em Luis Nassif Online

O blog jornalístico Luis Nassif Online postou uma carta/e-mail institucional, enviado para os funcionários, docentes e estudantes da USP (http://jornalggn.com.br/noticia/em-mensagem-zago-explica-aos-universitarios-a-crise-da-usp), de autoria do reitor Marco Antonio Zago. Porém, o USP Conta Minada fez a réplica que, independente da aceitação ou não pelo moderador do blog de Luis Nassif, posta também aqui.

Detalhe da página Luis Nassif Online com o comunicado de Zago

Detalhe da página Luis Nassif Online com o comunicado de Zago

Marco Antonio Zago tem feito da comunicação, por meio de e-mails institucionais a funcionários, docentes e estudantes, a forma como é conhecido na USP. Porém, como qualquer e-mail institucional, temos em conta, em primeiro lugar, qual a visão do reitor sobre a situação, mas, em segundo lugar, qual a visão que ele deseja que tenhamos sobre a situação da universidade.

O  post começa com um comentário de quem enviou o texto, como se Zago fosse um divisor de águas entre o que foi a gestão Rodas e o que é a sua.

Apesar dos e-mails institucionais, bem pensados e corretos do ponto de vista lógico, quase “neutros e objetivos”, existem tantos pontos questionáveis que, numa leitura detalhada, a pergunta fundamental é: “o que Zago quer esconder”?

O tom otimista do postador contrasta com uma das maiores paralisações que a USP enfrenta no momento, a tal ponto que o Hospital Universitário apenas está cuidando dos casos de emergência – a primeira greve em 19 anos!

É bom que se diga que o órgão máximo das decisões da USP não é o Reitor, mas o Conselho Universitário, no qual o Reitor é o seu presidente. A composição do Conselho Universitário abrange o Vice-Reitor, os Pró-Reitores e Diretores de Unidades (Faculdades), dentre outros. O que isto quer dizer? Que a responsabilidade pela estrita observação do orçamento da USP também foi de de Marco Antonio Zago, quando Pró-Reitor de Pesquisa na gestão de Rodas.

Quem duvidar disso, não precisa se fiar àquilo que declaramos, mas ler as Atas do Conselho Universitário da USP, disponíveis em http://www.usp.br/secretaria/?page_id=3770.

E mais. Aparece no Estatuto da USP:

“Parágrafo único – Ao Conselho Universitário compete:

1 – traçar as diretrizes da Universidade e supervisionar a sua execução;

2 – estabelecer, periodicamente, as diretrizes de planejamento geral da Universidade, nelas compreendidas as de caráter orçamentário, para atendimento de seus objetivos, identificando as metas e as formas de alcançá-las (…)”.

Quem assessora o Conselho Universitário em relação à disponibilidade orçamentária é a Comissão de Orçamento e Patrimônio É o COP que analisa  as demandas dos diversos setores da USP e elabora o orçamento que será votado pelo Conselho Universitário. Ou seja. cada Pró-Reitor e Diretor de Unidade (Faculdade), dentre outros setores da USP, são responsáveis pela construção do orçamento e sua respectiva aprovação.

Logo, apresentar dados como “comprometimento orçamentário” sem dizer quem ajudou neste comprometimento é esconder o que realmente interessa, a saber, quem dilapidou e usou de modo irresponsável o dinheiro público.

Como existem diversos acadêmicos envolvidos no problema, o terreno ficou movediço. A USP é uma bomba-relógio pronta para explodir e os responsáveis permanecem incólumes. Aliás, Pró-Reitores e Diretores de Unidades comprometidos com a gestão anterior permanecem nesta. Portanto, os responsáveis pela crise serão os mesmos que buscarão geri-la, mesmo que tenham agido de modo claramente irresponsável sobre o orçamento.

Ao se dizer que “a USP não tem dinheiro”, leia-se ” foi mal gerido o orçamento da USP”.

Ao se debruçar em números perigosos e montar uma Comissão de Sindicância interna, dá-se a impressão de controle e produção de transparência na gestão pública. Porém, se cada Pró-Reitor ou Diretor de faculdade, de museu, ou seja lá o que for dentro da USP, percebeu que houve alguma irregularidade e nada declarou, é igualmente cúmplice por seu silêncio, uma vez que é obrigação daquele que está na universidade de comunicar a quem for de mérito qualquer aspecto que comprometa os trabalhos na USP.

Por fim, a Universidade de São Paulo, nas mãos de seus gestores e acadêmicos, parece-se com Lady Macbeth: “Esses atos não são para ser comentados / depois de feitos /pois nos farão tresloucados”.

Os comentários estão desativados.